Creio ser óbvio que o nome Brasil, País
maior que um continente, não se deve exclusivamente ao seu pau vermelho ou
pau-brasil, o guara-pytã, chamado pelos índios de
ybyrá-pitanga, pois que ele já aparece nos mapas e cartas da Idade
Média apesar de assinalado de maneira truncada com muita imaginação e fantasia,
o que terá sido feito propositadamente pelos cartógrafos e cosmógrafos dos
séculos XII-XIV ao serviço da Ordem do Templo e sob ordem expressa desta, a fim
de proteger e manter secreta a rota do caminho marítimo ou navegação de longo a
Ocidente para essa Ilha Venturosa das sagas irlandesas,
Hy-O’Brazil.
«De facto – diz Pedro Paulo Funari –, nos mapas medievais o mundo
conhecido aparecia rodeado de ilhas reais ou imaginárias. Uma delas, a Ilha
Brasil, aparece primeiramente situada em um mapa de 1324, a oeste da Irlanda,
localização repetida em diversos planisférios
posteriores.»1
O nome Ínsula Brasil já era conhecido de há
muito, por certo graças à herança documental e cartográfica dos antigos
navegadores fenícios e árabes que a Marinha Templária possuiria e depois a
Escola Náutica de Sagres ligada à Ordem de Cristo através do Infante D.
Henrique, seu Administrador Geral. Com efeito, os cartógrafos medievais destacam
nas suas cartas náuticas o nome da terra Brasil, como é o caso da Carta
de Pizigano, de 1367, do Atla de Andrea Bianco, de 1436, ou da Carta de
Bartolomeu Pareto, 1455. Por seu turno, aquando da viagem à Índia do almirante
Vasco da Gama, em 1498, ele navegou para Ocidente e ancorou defronte a terra
firme e larga, que os historiadores consideram hoje ter sido o Brasil, antes de
retomar a marcha para Oriente. Já antes, em 1487 e 1488, Pedro Vaz da Cunha, o
“Bizagudo”, e João Fernandes de Andrade navegaram do Golfo da Guiné para o
Brasil. Duarte Pacheco Pereira, autor do famoso Esmeraldo de Situ
Orbis, também para aí se dirigiu várias vezes antes de Pedro Álvares Cabral
em 1500, data oficial da sua Descoberta (vd. a minha História Secreta do
Brasil (Flos Sanctorum Brasiliae), Madras Editora, S. Paulo, 2004). Antes
de todos esses e segundo Assis Cintra baseado nos escritos do jesuíta Manuel
Fialho, o capitão de mar Sancho Brandão, que pertencera à Marinha de Guerra da
Ordem do Templo e terá se transferido para a de Cristo, teria chegado numa
expedição de reconhecimento à “Ilha perdida do Mar do Ocidente”, mais além das
Canárias e apontada como o Brasil, notícia comunicada por D. Afonso IV de
Portugal ao Papa Clemente VI em 12 de Fevereiro de 1343
(St. Brendan´s Search for Paradise, in A brief history of the
European Mith of de Garden. Press American Studies and the University of
Virginia, 2001). Muito possivelmente já nos anteriores séculos XII e XIII
haveriam navegações de longo no Mar Ocidental à Ínsula Brasil, pois
esse nome era muito comum nas falas lisboetas do século XIII por ser aplicado
para designar os carvoeiros da cidade como os “brasis”, certamente alcunha
comparativa entre esses que manuseiam o carvão e o estado sujo, lastimoso em que
regressavam à terra aqueles marinheiros de mar alto que a História traz
esquecidos.
Com efeito, as mais antigas grafias toponímicas irlandesas – como Ho
Brazile, O’Brazil, Hy-O’Brazil – demonstram que esse se trata de um nome
celta, pertencente ao grupo linguístico celto-gálico falado na Irlanda e no País
de Gales. O sentido seria “Terra dos Bem-Aventurados”, “Ilha da
Felicidade” e “Terra Prometida”, tanto que a raiz bras ou
braz, em irlandês, significa “nobre, afortunado, feliz,
encantado”.
Por seu turno, Felipe Cocuzza explica que «durante a Idade Média, a
lendária Ilha Brasil povoou a poesia, os mapas, as tradições, as
profecias e o folclore. A palavra brasil tem duas etimologias
convergentes: o germânico brasa, que passou ao latim e ao português, de
onde veio a designação pau-brasil, devido à cor vermelha, e o celta
BRAS ou BRES, paralelo ao inglês BLESS que significa “bênção”; prende-se ainda
ao hebraico BRACHA (ch aspirado, como em alemão), também com o sentido
de “bênção”, e ao sânscrito BRAHMA, da raiz BRITH (antes, Brâh, donde
Brâ, Brî e Brith – V.M.A.), “expandir, irradiar, brilhar”, com
o sentido de “Deus, Bênção, Suma Ventura”. Portanto, Ilha Brasil quer
dizer Ilha Abençoada».2
Na mesma direcção etimológica e dando ao Brasil encómios
apologéticos fazendo-o recuar ao período Fenício para justificar o
vocábulo, escreveu Moysés Jakubovicz3:
«A região geográfica onde se assenta o Brasil é a mais antiga da
face da Terra. À época do Dilúvio, o Brasil integrava o País de
Ofir, que significa País do Fogo, e, sendo ele situado no
Ocidente, a palavra FIR, ou seu anagrama RIF, passou também a significar o
Ocidente.
«Há cerca de 850 a.C., o Imperador Badezir para aqui se deslocou,
trazendo na sua comitiva os filhos gémeos com os nomes de Ietbaal e Ietbaal Bel.
É dessa época a origem do nome BRASIL, palavra originada do nome do Imperador
BADEZIR. Senão, vejamos: Badezir é composto de Bad+Zir, em que
Bad é derivação de BAAL, significando o “DEUS PRINCIPAL” dos povos da
Ásia Menor; Zir é anagrama de ZRI, que no sânscrito significa “SENHOR”.
Substituindo-se BAD por seu equivalente BAAL, e fazendo-se a elisão de uma das
vogais, o a, teremos BALZIR, e trocando-se a posição do r por
a, temos, finalmente, o sagrado nome BRASIL, equivalente do nome
JEOVÁ.»
Ambos os autores, particularmente o primeiro, terão consultado a obra de
Gustavo Barroso, Aquém da Atlântida, quando
escreve:
«O nome Brasil surge na Geografia muito anteriormente ao
descobrimento da grande região sul-americana banhada pelo Atlântico. O nome
Brasil teria evoluído de vários nomes, como: Bracil, Barzil, Braçur,
etc. Braxilis, O-Brasilis, O-Brasil e, afinal, Brasail, Hy-Brasail. Estas
últimas designações são irlandesas. Na opinião de Alf Torp e de Moltk Moe, tal
palavra veio da raiz céltica Bress, que implica a ideia de bênção e
significa boa sorte ou prosperidade, de onde veio o verbo “to bless”, abençoar.
Assim, o nome irlandês corresponde, em suma, ao que os antigos davam às Canárias
– Afortunadas. A crença na existência de terras venturosas do lado do
Ocidente é antiquíssima. A ideia é longínqua e pertinaz na tradição dos povos,
todos cream numa Idade de Ouro, em tempos idos, em terras de além. A região, ou
Ilha Brasil, se identificaria com as “Ilhas Afortunadas”, “Ilha dos
Bem-Aventurados”, o “Imago Mundi” de Pedro D’Ailly, “Ilha dos Felizes”, etc. É
indubitavelmente mais velho que o nosso país o nome que lhe deram. Capristano de
Abreu admitia esse ponto. E sente-se que ele não nasceu da cor de brasa do pau
da tinturaria tão famoso. Southey escreveu: «Entre vários povos vivia uma
tradição relativa a uma ilha encantada chamada
Brasil».
Por seu lado, o professor Batalha Gouveia, que pessoalmente considero o
maior etimologista português dos tempos modernos, igualmente faz o levantamento
apurado do nome Brasil, acabando por encontrar-se com os dois autores
brasileiros citados quanto à sacralidade do sentido último do nome da Pátria
Gémea de Portugal4:
«Numerosos têm sido os investigadores toponimistas, não só nacionais como
estrangeiros, que já se debruçaram sobre o nome da Pátria-Irmã. O arqueólogo
norte-americano Cyrus Gordon aventou, recentemente, a hipótese do nome
Brasil derivar do cananeu e hebraico Brazel, significativo de
“ferro”. Por sua vez, o eminente historiador brasileiro Pedro Calmon aponta o
germanismo braezelen como a palavra matriz das variantes portuguesas
brasa e brasil.
«Interessado também neste tema, não se me levará a mal que refira a minha
teoria fundamentada, tão-somente, nos aspectos lexicais do nome em
exame.
«O vocábulo brasil já era usado na nossa língua antes da
descoberta da «Terra do Cruzeiro do Sul». Num foral datado de 1377 referente à
portagem de Lisboa, lê-se, entre outras coisas, o seguinte: «… e de brasil que
trouxerem ou levarem, tanto os vizinhos como os que não são vizinhos, pagam
dízima». Este “Brasil” a que se refere o foral é, indubitavelmente, uma palavra
sinónima da actual “brasido”, uma espécie de carvão
miúdo.
«No Brasil chama-se “pau-brasil” a uma espécie arvense da família das
leguminosas, também ali conhecida por ibirapitanga, muirapiranga, sapão,
pau-rosado, pau de pernambuco, etc. De madeira avermelhada e flor amarela,
a ibirapitanga chega a atingir 30 metros de altura. Quase desaparecida
da floresta brasileira, ainda sobrevivem exemplares no litoral de Paraíba e do
Estado do Rio, principalmente no Cabo Frio e na mata da Tijuca em pleno Distrito
Federal.
«João de Barros deplorou que chamassem ao Novo Mundo, Brasil e não Santa
Cruz. Frei Vicente do Salvador, com iguais escrúpulos religiosos, descreve assim
o pau-brasil: «Tanto que começou a vir o pau vermelho chamado brasil… da cor
abrasada e vermelha com que tingem os panos».
«Decorre do exposto que o nome Brasil, por estar conotado com
uma espécie botânica, tem necessariamente de conter algo que diga respeito à
árvore, como na realidade assim acontece.
«Certas religiões pagãs faziam da árvore objecto de culto. Os semitas,
nomeadamente os sírios e os árabes, haviam concebido a árvore como a morada de
um ser sobre-humano, uma espécie de santo (uéli) sepultado sob as suas
raízes. A árvore encontra-se, pois, imbuída da vida e dos poderes
extraordinários do génio.
«Para os indo-europeus, a árvore simboliza a “Deusa-Mãe”, a
Mater (donde os vocábulos portugueses matéria, madeira e
mãe) Divina, sendo como tal
idolatrada.
«Surge assim no horizonte das primitivas formações teonímicas a palavra
Ura, com a dupla significação de “árvore” e “mãe divina”. O páredro de
Ura era Ur, nome dado ao touro então considerado como a
personificação do Sol. Ur e Ura metaplasmaram-se no latim
Uir e Uira, encerrando o primeiro o sentido de “homem forte”,
e o segundo, obviamente, “mulher forte”.
«Os tradutores latinos da Bíblia verteram o nome hebraico Isha,
significativo de “mulher varonil”, para Uirago, depois Virago.
Contudo este nome não se conservou, sendo substituído por Eva que,
segundo a Bíblia, quer dizer “mãe de todos os
viventes”.
«Ura, a divina árvore e hipóstase da Deusa-Mãe, devido ao
fenómeno fonética da permuta da vibrante r na líquida l entrou
no dialecto dórico sob a prolação úlâ, que no jónico se dizia
úlê, com o sentido de “árvore”. Na área linguística mediterrânica o
jónico úlê sofreu a sibilização da vogal inicial passando a soar
súlê, voz que ao entrar no Lácio se grafou syl, depois
sil. O fenómeno da sibilização mediterrânica do u primitivo
das palavras gregas é igualmente exemplificado com os temas uper/super,
upo/sub, etc.
«Sil é, indubitavelmente, o segundo termo incorporado no
topónimo Brasil. Vejamos agora o primeiro, isto é,
bra.
«Nos séculos imediatamente anteriores ao advento do Cristianismo houve um
idioma semítico que se impôs aos outros na área sírio-palestiniana
influenciando, naturalmente, os falares dos ilhéus do Mediterrâneo Oriental.
Refiro-me ao aramaico, língua falada por Jesus Cristo a ajuizar das expressões
por ele empregadas: Talita cummi (menina levanta-te), El oi, El oi, lama
sabastani? (Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?),
etc.
«A palavra aramaica significativa de “filho” – bar – foi
anteposta ao supradito tema sil, “árvore”, o que originou o composto
barsil a que a metátese transformou na dicção arcaica portuguesa
brasil.
«O Filho da Deusa-Mãe, ou da Mater, só pode ser aquele
que no mais alto do céu a todos nos contempla, o anho (do latim
ignis, “fogo”) de Deus imolado na Vera ou Santa Cruz, madeiro esse que
congrega todos os brasileiros em torno do Cristo
Redentor.
«Santa Maria, a Padroeira de Portugal, teve no Brasil o lugar apropriado
para dar à luz o Unigénito do Senhor. Este poderoso elo místico conservará
sempre ligadas as duas pátrias atlânticas.»
Era a essa Mariz Nostra in Coelis et Terris in Filiius et Spirito
Sanctu, que os abnegados missionários do sertão brasileiro, em nome de
Jesus e São Francisco, oravam, juntamente com os Tupis que em tal reconheciam a
Jacy Tupã Iracy, “a Lua e o Sol esplendorosos”. O Espírito era o mesmo,
só os fonemas mudavam…
TUPI:
Anuê Jacy recê
tynycembae.
Ndê irúnamo ndê Iára
recó.
Imombeúcatupyram reicó cunhã
sui.
Imombeúcatúpyrambe ndê membyra,
Tupã!
PORTUGUÊS:
Avé Maria, cheia de graça.
O Senhor é contigo.
Bendita sois entre as mulheres.
Bendito é o fruto do teu ventre, Jesus!
Tudo isso conduz-me de imediato à Virgem Negra, Orago do Brasil,
N.ª S.ª Aparecida. Conta a lenda hagiográfica que na segunda quinzena
de Outubro de 1717 (número do biorritmo de Portugal, Arcano “As Estrelas” ou “A
Imortalidade”, e ano em que se fundou, reinando D. João V, na vila de Mafra, no
caminho para Sintra, a Real Basílica de St.º António do Espírito Santo
consagrada ao V Império Universal, com destaque para a “Nova Lusitânia”, o
Brasil, assim consignado por Pedro de Mariz na sua obra seiscentista,
Diálogos de Vária História) passou pela vila de Guaratinguetá, em
viagem para Minas Gerais, o Conde de Assumar, D. Pedro de Almeida, Governador de
São Paulo. A Câmara local programou um banquete em honra do Conde. Para isso,
convocou os pescadores e ordenou-lhes que trouxessem todos os peixes que
pudessem pescar para o banquete do Governador.
Os pescadores, dentre eles Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe
Pedroso, lançaram as suas redes no rio Paraíba do Sul durante várias horas, sem
sucesso. A certa altura, João Alves, ao lançar a rede, retirou o corpo de uma
imagem sem cabeça. Em seguida, lançada a rede novamente, encontraram a cabeça da
imagem. Surpresos, lançaram a rede pela terceira vez e a pescaria foi tanta que
puderem encher as suas canoas. Significa isto, para além da lenda no imediatismo
dos factos, ser a imagem criação possível de uma Confraria piscatória e, desde
logo, o seu culto propagado como o da Mater Navegante – Stella Maris –
cuja função é idêntica àquela outra N.ª Sr.ª da Esperança trazida por
Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Continuando a narrativa, os pescadores ao limparem a imagem concluíram
que se tratava de Nossa Senhora da Conceição (Conceptione, a Concepção
Alquímica do espesso em húmido e deste em ígneo – assinalado no Cruziat
ou Cruzeiro celeste), de cor escura (símbolo da semente oculta no
ventre da Terra, neste caso, no seio das Águas Genesíacas, certamente de uma
Nova Idade que haverá de dar os seus e bons frutos). João Alves envolveu-a
cuidadosamente num pano e guardou-a. Felipe Pedroso levou a imagem para sua
casa, em Lourenço de Sá, onde ela permaneceu por cerca de seis anos. Depois, em
Ponta Alta, ficou por mais nove anos. Em Itaguaçu, passou a imagem para o filho
Atanásio Pedroso, que lhe construiu uma capela e a colocou num altar de madeira.
Nesse lugar Nossa Senhora passou a receber a devoção do povo, relatando-se os
primeiros milagres.
Em 1745 dedicaram-lhe uma capela no Morro dos Coqueiros, à margem do rio
Paraíba, onde passou a ser chamada de Aparecida, dando origem à cidade
do mesmo nome. Em 1888 a capela foi substituída por outra, maior. Em 1904 foi
realizada a coroação da imagem e em 1908 o Santuário foi elevado à categoria de
Basílica pelo Papa Pio X. Como Santuário Nacional, esse templo católico é hoje o
maior pólo de atracção de romeiros de todo o
Brasil.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil
Sendo a Senhora da Conceição uma Virgem Negra, no contexto da sociedade
rural medieval era uma deusa agrícola expressiva da Grande Deus Mãe Primordial,
cujo culto tinha honras maiores que ao Deus Filho, por ser Ela a origem da Fé, e
assim mesmo da Natureza fecunda de que dependiam os povos, Dizer-se que a
Padroeira do Brasil estava velada sob as águas, significa que é uma Deusa
Oculta, Negra, o que é representado na Lua aos seus pés como Matriz da Criação
cujas fases regulavam e regulam os períodos agrários de semeadura e
colheita.
A cor negra da Virgem é a mesma primordial apontando o Grande Útero da
Vida gerada nele e a ele, no final da existência, a mesma Vida se recolhe. Por
isso a Grande Mãe, com o seu potencial de gestação e geração, possibilita todas
as manifestações, transformações e evoluções da Vida, a qual recolhe a si no
final de cada manifestação, seja ela a de um homem ou a de um mundo. Razão
porque personifica a Magna Dea, a Grande Deusa, Maha-Shakti
para o Oriente, a Força Vital que gera, mantém, anima e unifica, e sendo Ela o
Oceano da Vida conduz aos seres imersos nas suas correntes através dos
movimentos das suas Águas da Vida, donde ser apelidada da Conceição ou
Concepção, sobreposta à Lua crescente que, como astro da noite ou do
negro, representativo do Caos ou Noite Cósmica, o mesmo
Pralaya das teogonias do Oriente, assiste aos ciclos de vida e morte de
todos os seres. O período de existência destes vem a ser o Cosmos ou
Dia Cósmico, Manvantara para os orientais, marcado pela cor
branca e a Lua Cheia, para todos os efeitos, antecedido pelo negro
primordial.
Outro aspecto a destacar na Virgem Negra são os seus milagres, em
momentos históricos precisos. Tais milagres têm sempre a ver com a vida e a
morte, o que reporta à transformação, individualização, libertação e despertar
num ciclo novo, marcado pela passagem definitiva do Brasil indígena ao Brasil
cristão.
Por outro lado, tanto no século XVIII brasileiro como no período medieval
coincidentes com a aparição de qualquer Virgem Negra, houve sempre uma
reactivação social, artística e cultural no seio da sociedade pela aproximação
mútua do Ocidente e Oriente, e assim mesmo uma irrupção do elemento feminino,
não só com o culto mariano mas também de forma idealizada no amor cortês, apesar
das grandes discussões dos teóricos escolásticos sobre a Natureza, a carne e o
pecado, a alma e a virtude, semeando uma improdutiva disfunção entre o Espírito
e a Matéria que chegou aos nossos dias.
Posto tudo dito, posso agora transpor o nome Brasil para o
hebraico BRSL, com a interpretação: “O Lugar Elevado de Deus Pai e Mãe”. De
maneira que o próprio Lugar ou Trono expressará o Filho, assim se perfazendo a
Santíssima Trindade ou Trimurti na Terra Eleita que é o próprio
Brasil.
É assim que BRSL se funde cabalisticamente em JHS, sigla avatárica ou
messiânica expressiva de “Deus feito Homem” (enquanto HJS = “Homem feito Deus”),
cabível a todo o verdadeiro Iluminado, e neste particular, “Deus feito Carne,
Terra” (BRSL), expressando a Jerusalém Celeste do Apocalipse descida,
manifestada na venturosa Terra Edénica assim firmada Nova Jerusalém,
antes, NOVA LUSITÂNIA (do latim Lux-Citânia, “Lugar da
Luz”).
Como curiosidade cabalística alfabética-musical, ainda respeitante a JHS
e BRSL, pode considerar-se as notas musicais relacionadas às letras do alfabeto
da seguinte forma:
De maneira que as iniciais HJS formam Dó-Mi-Sol, a Tríade Perfeita de Dó
Maior, ou, ainda, nota a púrpura de JÚPITER ou JEHOVAH, o “Primeiro, Pai,
Brahma”.
As iniciais BRSL formam Ré-Fá-Sol-Sol, o Quaternário Compasso de Ré
Maior, e também a cor laranja dourada do SOL, a “Luz Universal de Deus
Pai”.
Isso, expressando o Homem Universal manifestado na Taba Brasílica, leva a
três outras composições a partir dessa mesma:
Chegado a este ponto, não posso deixar de lembrar as palavras de um
Adepto Vivo, DJWAL KHUL MAVALANKAR, acerca do mesmo Brasil Jina e suas
relações com a Grande Loja Branca de Shamballah-Agharta, referente à
Fraternidade da «cidade perdida» ou «oculta» de Ibez que Percy Fawcett,
nos anos 20 do século XX, procurou avidamente nas florestas da Amazónia e de
Mato Grosso, aqui particularmente na cordilheira do Roncador
(Matatu-Araracanga, a “cabeceira das araras vermelhas”), até que
desapareceu misteriosamente junto com o seu filho Jack Fawcett nas entranhas
tíbias matogrossenses:
«O primeiro Posto avançado da Fraternidade de Shamballah foi o original
Templo de Ibez e estava localizado no centro da América do Sul, e um de seus
Ramos, num período muito posterior, seria encontrado nas antigas instituições
Maias e na adoração básica do Sol como a fonte de vida nos corações de todos os
homens. Não poderíamos deixar de registar aqui o facto de que a palavra
Ibez é literalmente um acróstico ocultando o verdadeiro nome do Logos
Planetário da Terra. Estas quatro letras são as primeiras letras dos nomes reais
dos quatro Avataras nos quatro Globos da nossa Cadeia Terrestre que incorporaram
os quatro Princípios Divinos. As letras I B E Z não são as verdadeiras letras
Senzar, se é que uma tal expressão inadequada pode ser usada a respeito da
linguagem ideográfica, mas são simplesmente uma expressão
europeizada.»5
Essa IBEZ que o coronel Percy Fawcett localizou no Roncador (MT), será a
Cidade Jina de ARAKUNDA (“Altar Iluminado”), contudo, o vocábulo designará
sobretudo Princípios Universais assessorados por Consciências Cósmicas
reflectidas em CRUZIAT, o “Cruzeiro Sidéreo”.
O sidéreo Cruzeiro do Sul, o Aracuruçá ou simplesmente
Curuça dos Tupis, símbolo nacional do Brasil, é ele mesmo o
Tetragramaton simbolizado na Rosa+Cruz assim
expressando o Segundo Logos, o Cristo Cósmico ou, em termos bem brasílicos,
CRISTO REDENTOR.
Com toda a propriedade o Hino Nacional do Brasil não podia
deixar de evocá-lo:
Brasil, um sonho intenso, um Raio
vívido
De Amor e de Esperança à Terra
desce,
Se em teu formoso céu, risonho e
límpido,
A imagem do Cruzeiro
resplandece.
Gigante pela própria
Natureza,
És belo, és forte, impávido
colosso,
E o teu Futuro espelha essa
Grandeza.
Tamanha Grandeza é sobretudo a que realçará a Terra da Vera Cruz
como bojo de todas as demandas na fundação universal do V IMPÉRIO, para onde
desde 1500, com a fundação do BRASIL IBERO-AMERÍNDIO, se dirigem todas as
esperanças numa derradeira oração de amor. Terra Virgem, até no signo, faz-se
palco final da Suprema Iniciação da Humanidade, graças à constante irradiação
para aí do GRANDE OCIDENTE DA EUROPA, PORTUGAL, ao GRANDE OCIDENTE DO MUNDO,
BRASIL. A este Caminho da Iniciação interplanetária ou entre dois continentes,
Europa e América, indo influir nos restantes, Almada Negreiros chamou SW –
CAMINHO SUDOESTE, ou seja, desde Sagres, no Sul de Portugal, até ao Oeste do
Planalto Central brasileiro onde se fundaria BRASÍLIA, capital política do
Ocidente do Mundo. E Fernando Pessoa, amigo daquele, olhando os Mistérios do
Sudoeste e do Cruzeiro, o “Sul Sidéreo”, teve o seguinte encómio revelador na
sua A Mensagem, poema Horizonte, prova cabal de que não era
alheio às origens da Brasilidade muito anteriores a Cabral e ao derradeiro
destino avatárico da brasílica Terra:
Ó mar anterior a nós, teus
medos
Tinham coral e praias e
arvoredos.
Desvendadas a noite e a
cerração,
As tormentas passadas e o
mysterio,
Abria em flor o Longe, e o Sul
siderio
‘Splendia sobre as naus da
iniciação.
Linha severa da longínqua costa
-
Quando a nau se approxima ergue-se a
encosta
Em árvores onde o Longe nada
tinha;
Mais perto abre-se a terra em sons e
cores:
E, no desembarcar, há aves,
flores,
Onde era só, de longe, a abstracta
linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distancia imprecisa, e, com
sensiveis
Movimentos da esp’rança e da
vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a
fonte -
Os beijos merecidos da Verdade.
Esta constelação austral, situada na Via Láctea, está entre as
constelações de Musca e Centauro. As estrelas do Cruzeiro do Sul já eram
conhecidas dos antigos, pois figuravam no catálogo de Ptolomeu, no século II,
incluídas como parte da constelação do Centauro.6 Há vinte séculos
todas elas eram visíveis até ao paralelo 38 graus norte, numa altura de 7 e 13
graus acima do horizonte de Alexandria, durante a sua passagem pelo meridiano.
Na época actual, em virtude da precessão dos equinócios, a constelação só pode
ser vista até ao paralelo 27 graus norte, uns 3 graus e meio além do Trópico de
Câncer. Os navegadores portugueses, no século XVI, desligaram-na do Centauro,
formando um novo asterismo. A sua designação tornou-se universal. À vista
desarmada, o Cruzeiro compõe-se de cinco estrelas, quatro das quais dispostas em
cruz e uma, a Épsilon Crucis, conhecida como Intrometida, que
está situada sob o braço menor.
![la%20croix%20du%20sud[1]](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_sGoYQvUQyvOFHdnzH9bWhEwLBuEwl03XPjKHg7m_7uIPBLv0YSCJbMCcLOu4NfKwQYAxYkZovpWm9fQAM2VtUBPIDW6MGzq0Kvgh9kODuo8czbS0UqCxMAeCFOf4qw5O-ik7q3NLfrGS2jgY09lf18m5s=s0-d)
É preciso notar, entretanto, que o conhecimento das estrelas que compõem
o Cruzeiro do Sul é ancestral e encontra-se em diversas obras clássicas e
religiosas, como no Ramayana dos hindus e no Almagesto (onde
estão indicadas as posições das estrelas principais)7, pelo que era
do domínio dos navegadores proto-históricos, nomeadamente os
Fenícios.
O Cruzeiro do Sul como objecto de estudo
astronómico para a navegação sudoeste
dos Portugueses. Gravura dos finais do
século XVI, representando Abraão Zacuto
Mais tarde o preclaro membro da Ordem dos Trovadores e Jograis,
Dante Alighiere, depositário dos conhecimentos da Ordem do Templo de quem foi o
último cronista, na sua Divina Comédia também faz diversas referências
ao Cruzeiro do Sul8. Por exemplo, quando ele chega à praia do
Purgatório dirige o seu olhar para o Pólo Sul e contempla as quatro estrelas
«nunca vistas senão pela primeira gente», ou seja, a gente do Brasil
Fenício9:
Io mi Volsi a man e posi
mente
Alláltro polo, e vidi quattro
stelle
Non viste mai fuor che alla prima
gente.
(Divina Comédia, Purg., I,
22-24)
Logo em seguida o vate italiano faz alusões à Ursa Maior (il
Carro), que deixará de ser visível:
Comío dal loro esguardo fui
partito,
Un poco me volgendo allátro
polo,
Là onde il Carro già era
aparito;
Vidi presso di me un veglio
solo,
Degno di tanta reverenza in
vista,
Che più non dee a padre alcun
figliuolo.”
(Divina Comédia, Purg., I,
28)
Parece mais que evidente que as quatro estrelas estejam
associadas à constelação austral bem conhecida. De facto, a alusão à constelação
polar sul de quatro estrelas, que começava a ser vista quando o outro Pólo
desaparecia e ao mesmo tempo se punha o Carro, a constelação da Ursa
Maior, que serviu como marco referencial para os navegadores, parece confirmar a
ilação de que Dante se referia às estrelas do Cruzeiro do
Sul.
Também Camões, apesar de não ter empregado o vocábulo Cruz, não
deixa de fazer alusões à “Estrela nova” nas Elegias e à “nova estrela”
em Os Lusíadas. O astrónomo português Luciano Pereira da Silva
(1864-1926) afirma, de forma categórica, que o poeta está se referindo à
constelação do Cruzeiro do Sul10.
Depois de descrever o temporal que surpreendeu a nau São Bento,
logo após cruzar o Cabo da Boa Esperança em direcção à Índia, em 22 de Novembro
de 1497, Camões apresenta o novo hemisfério:
Porque, chegando ao Cabo da
Esperança,
Começo da saudade que
renova,
Lembrando a longa e áspera
mudança;
Debaixo estando já da Estrela
nova
Que no novo hemisfério resplandece
(…).
(Elegias IV, 109-120)
Trata-se, na realidade, de um asterismo do hemisfério sul, pois, como diz
no canto V, 14, a “gente ignorante”, com dúvida de sua existência, por
alguns tempos esteve incerta dela por habitarem as latitudes nortes, onde é
impossível contemplá-la:
Já descoberto tínhamos
diante,
Lá no novo hemisfério nova
estrela,
Não vista de outra gente, que,
ignorante,
Alguns tempos esteve incerta
dela.
Vimos a parte menos
rutilante
E, por falta de estrelas, menos
bela
Do Pólo fixo, onde inda se não
sabe
Que outra terra comece ou mar
acabe.
(Os Lusíadas, V, 14)
Nessa estância, a expressão camoniana “não vista de outra gente” é uma
reminiscência do “non viste mai fuor che alla prima gente”, de Dante. Que ele
conhecia a literatura italiana, como estudioso dos clássicos durante a sua
formação académica na Universidade de Coimbra, disso não há dúvida alguma.
Inclusive em suas Rimas existem elementos evidentes da influência do
poeta italiano Francesco Petrarca (1304-1374). E tudo parece indicar que Camões
se inspirou na Divina Comédia para descrever o céu ptolomaico de Os
Lusíadas11.
Todavia, o primeiro que menciona as estrelas do Cruzeiro do Sul pelo seu
nome actual é a Carta a D. Manuel I de Mestre João, que acompanhou
Pedro Álvares Cabral na empresa do «achamento» da Terra de Vera Cruz. De facto,
Mestre João – que fora o médico e astrólogo de D. Manuel I – foi o primeiro a
descrever e a precisar, por meio de instrumentos, onde realmente se situava o
Brasil, conforme a sua carta de 28.04.1500, que só seria descoberta, no meio da
papelada imensa da Torre do Tombo, Lisboa, em 1843 pelo historiador brasileiro
Francisco Adolfo de Varnhagem. Segundo Sousa Viterbo12, este Mestre
João era Joham Farás, bacharel em artes e medicinas, cirurgião e astrólogo
particular de D. Manuel I. Segundo o mesmo autor, esse Joham Farás era um
cristão-novo natural da Galiza que se fixou em Portugal por volta de 1485, tendo
sido o tradutor do livro De Situ Orbis, escrito em latim clássico no
século I d.C. pelo geógrafo romano Pompónio Mella.
O mapa de Mestre João foi estudado por diversos historiadores,
nomeadamente pelo professor Luís de Albuquerque no Livro de Marinharia de
André Pires, s/d, pp. 96-97, e o trecho da carta do mesmo Mestre referente
ao Cruzeiro do Sul, é o seguinte: «… e estas estrelas, principalmente as da
Cruz, são grandes quase como as do Carro; e a estrela do Pólo Antárctico, ou
Sul, é pequena como a do Norte e muito clara, e a estrela que está em cima de
toda a cruz é muito pequena». O Padre António Vieira, nos seus escritos onde faz
referências astronómicas, usa a mesma designação de Cruz para esta
constelação e aplica inalterável a mesma descrição de Mestre
João.
Mas é no Tratado da agulha de marear, de João de Lisboa (1514),
nos trabalhos de André Corsali (1515), nos de Pigafetta, companheiro de Fernando
de Magalhães, e de Sebastian Del Cano (1520), que elas se acham indicadas como
formando uma constelação particular e com o nome de Cruzeiro do
Sul13.
Manuscrito de Mestre João, astrónomo da
armada de Pedro Álvares Cabral,
em que descreve o grupo de estrelas do
Cruzeiro do Sul
Pelo dado a observar, concluiu-se que a constelação do Cruzeiro era
conhecida desde a Antiguidade proto-histórica e clássica. Os antigos Iniciados
afiliados aos Colégios Tradicionais das suas épocas, chegaram mesmo a
correlacionar esta constelação ao centro sideral do Segundo Logos
projectado na Terra como Hipóstase Amor-Sabedoria, designando com Mãe
Divina carregando em seu seio estelar ao Divino Filho, o que vai muito bem com a
condição de Andrógino Primordial do Segundo Trono, Mundo Celeste ou
Intermediário entre o Divino e o Terreno.
Os Mistérios Celestes do Segundo Trono apontados pelo Cruzeiro do Sul,
nos inícios dos anos 50 do século passado foram motivo de análise pelo eminente
Teósofo Eng.º António Castaño Ferreira, familiar e Coluna Viva do Professor
Henrique José de Souza, quando diz na sua Aula n.º 59 para a antiga Série
D da então Sociedade Teosófica
Brasileira:
«Agora a Terra é física. A Vida nos vem, como sabemos, desse Plano
imediatamente superior ao nosso e mais subtil a que denominamos de Mundo
Astral, o Mundo dos Astros. O Sol e as Estrelas fazem parte desse Mundo no
aspecto mais ligado à matéria física. São grandes condensações de Energia Vital,
por isso podem ser percebidas pelo próprio olhar físico do Homem, como acontece
no escuro quando temos um objecto fortemente magnético; a imantação por elas
emitida pode ser percebida pelos olhos físicos, e que se chama fluidos
ódicos. É a matéria subtil, energia esta que, condensada em certos
objectos, pode ser emitida com tal intensidade que pode ser percebida num
ambiente onde não haja uma luz física.
«Assim, esses Centros Cósmicos são Centros de Energia tão condensados ou
tão activos que, na escuridão desse ambiente akáshico que envolve a
Terra, como envolve qualquer Mundo físico, pode tornar-se perceptível aos nossos
sentidos físicos. Então, neste Mundo ou neste Plano Cósmico mais subtil que a
Terra, que é o Mundo das grandes energias activas, nós temos os “Centros” que os
astrónomos chamam de Sóis e Estrelas de um modo genérico, o que para o ocultista
é visto de um modo inteiramente diferente: são Centros de Irradiação de
Vida.
«Entre esses Centros de Irradiação no nosso céu, o CRUZEIRO DO SUL tem um
papel extraordinário, porque é dele que emanam ou fluem as 5 correntes de Vida,
as 5 manifestações do Hálito Universal Criador que se infunde na Terra e a que
nós chamamos de FORÇAS SUBTIS DA NATUREZA.

«Portanto, os TATWAS, que os ocultistas estudam e dos quais dificilmente
podem conhecer a natureza essencial, estão relacionados com a Constelação de
ZIAT, que na linguagem aghartina significa: “Aquilo que constrói e Aquilo que
destrói”. Aquilo que transforma e sustém, Aquilo que é a Vida, o Movimento, a
Energia em todos os seus aspectos. Essas Forças vão se manifestando de Ciclo em
Ciclo. Actualmente elas são cinco. Cada uma delas corresponde a um dos elementos
chamados Terra, Água, Fogo, Ar e
Éter, na linguagem dos símbolos. São expressões do que nós chamamos,
respectivamente, de Pritivi, Apas, Tejas,
Vayu e, finalmente, Akasha. A origem é a Matéria Primordial, a
Energia Primordial que se diferencia, posteriormente, noutras 4 Forças
interiores que delas decorrem, ou delas se
originam.
«Por isso nós falamos, na linguagem oculta, que o AKASHA é realmente a
fonte de todas as energias. É a Energia Mater que se diferencia nas
outras 4, que têm o nome simbólico de elementos. É a razão pela qual o
Homem, na fase actual, pôde desenvolver os cinco dedos, porque cada um deles
corresponde a uma Energia Cósmica, sendo que o polegar corresponde ao
Akasha que é o Tatwa móvel, o centro, portanto, donde se
manifestam os outros Tatwas. Por esta razão é que o polegar se opõe a
cada um dos outros dedos, dando ao Homem a capacidade de criar com as mãos tudo
o que encontra ao seu alcance. Através das Civilizações a Actividade Criadora do
Homem foi sempre fornecida pelo Poder do Akasha, ligado aos outros
Tatwas que fluem, também, como magnetismo diferenciado pelas pontas dos
dedos dos homens, e então podem transferir essas energias e excitá-las naqueles
em quem elas se encontram em deficiência.

«A Constelação do CRUZEIRO DO SUL é o Centro donde emana essa Energia,
que para o clarividente se apresenta com a forma simbólica de uma grande
Pirâmide. Foi baseado nesse conhecimento, que só a vista espiritual
alcança, que os antigos egípcios ergueram as suas pirâmides, bem com os povos
pré-colombianos do Novo Mundo para expressar a formação quíntupla do nosso
Universo, ou a expressão dessas cinco Energias fundamentais do Cosmos. O Vértice
da Pirâmide está voltado para a estrela central, que se encontra num plano mais
afastado dos outros 4 Centros Cósmicos que formam o Cruzeiro,
constelação que todos nós estamos acostumados a ver. A sua projecção parece uma
Cruz, com uma estrela menor no centro. Estou falando dela em linguagem
teosófica, na sua realidade, e não como ela possa ser encarada sob o ponto de
vista meramente profano, como acontece com a Astronomia ou a Astrofísica, que
não nos interessa de momento.
«De futuro, será justamente em harmonia com este local, com este Centro
Cósmico onde se encontram essas cinco Rodas que giram, emitindo todas as
energias vitais que sustentam e alentam a Vida, que nós deveremos provocar o
grande milagre da Transformação Superior, isto é, pondo em actividade as
energias que estão latentes em nós para que desperte a Consciência Superior de
cada um. Está baseado nesse princípio o Yoga chamado
Universal. Esses cinco Hálitos vibram em
SHAMBALLAH.»
Na continuação na abordagem ao estrelado mor do céu do Brasil, agora nas
suas correlações esotéricas, logo menos conhecidas do leitorado geral, respigo
alguns excertos de texto precioso de um outro distinto Teósofo brasileiro
nascido em Portugal, sr. Alberto Pinto Gouveia, que o terá lido em Sintra em
19.12.1972 por ocasião da inauguração do SANTUÁRIO DE ALLAMIRAH, “Os Olhos do
Céu” reflectidos no CRUZEIRO. Diz:
«Mais atrás abordei umas outras correlações esotéricas a ver com o Seio
da Terra brasileira e o Tetragramaton (Yod – He – Vau – Heth) que,
disposto em Cruzeiro, constitui o maravilhoso símbolo da Vida Integral,
da Evolução global, do Pramantha, em suma. O mesmo símbolo que se
expressa na majestosa constelação do Cruzeiro do Sul em sua expressão
tetrárquica e pentárquica, pois que sendo planimetricamente quadrangular é, em
projecção, piramidal. Isso graças às suas cinco estrelas principais, visto que,
além das quatro dispostas em quadrilátero e que representam os quatro palos do
cruzeiro, tem outro ao centro, a qual assinala o vértice da pirâmide de base
quadrangular.

«A constelação de Cruziat ou Ziat, como expressão
física do Tetragramaton, simboliza o Segundo Trono, o Aspecto
Amor-Sabedoria de Deus. Como expressão pentárquica distribui-se por cinco
centros ou estrelas, dos quais os exteriores formam um quaternário, os quatro
“Sóis Venusianos” da Tradição Iniciática, ou os quatro Maharajas. Neles
se contém e se agita todo o Passado evolutivo. O quinto centro, simultaneamente
meio do quadrilátero e vértice da pirâmide, é de valor ternário (por reter os
chamados “Sóis Mercurianos”) e nele se contém todo o potencial evolutivo Futuro.
É o sémen ou semine onde se concentra e consubstancia o
spes messis, dessa messe que está feita e cujo fruto, sendo alimento e
vida, é também e infindavelmente o sémen de novas e vindouras
messes.
«Esses cinco pontos ou centros estelares, se, por um lado se espraiam em
sete quando se dá valor ternário ao quinto, por outro lado, podem comprimir-se
num ternário, como emanação directa do Primeiro Trono, formando assim as 3
Chamas Divinas no Céu expressas no grafismo da letra Schin, e as quais
são representadas no candelabro de 3 Lumes Sagrados colocados nos altares dos
Templos da Terra.
«Considera-se tradicionalmente que são desses cinco pontos ou centros
estelares do Segundo Trono que emanam os “Hálitos Vivificadores”, as cinco
qualidades subtis da Matéria: Éter – Ar – Fogo – Água –
Terra.
«Sendo que o Tetragramaton é simbólico da Manifestação Divina em
curso, as quatro letras hebraicas que o polarizam de que venho falando,
significam afinal os modos por que se opera essa Manifestação. E assim o
Yod indica a Luz, o He indica a Cor, o Vau indica o
Som e o Heth indica a Forma. A Divindade polariza-se em luz e torna-se
sensível e experimental cromática, sonora e
morfologicamente.
«E em meio a toda essa empolgante e assombrosa dinâmica o símbolo
esplendoroso do Supremo Equilíbrio: a Taça do Santo
Graal!»
Como homenagem sincera e comovida ao símbolo nacional do Brasil, CRUZIAT,
o mesmo SADHA KAPTA hindustânico, em jeito de desfecho apoteótico e por seu
grande significado e beleza, transcrevo do Professor Henrique José de Souza a
letra do seu Hino SANTUÁRIO DO BRASIL (PREFIXO DO CRUZEIRO DO
SUL):
Um jacto de
luz,
Projectado do
Céu,
A Terra vem beijar,
feliz,
Terra de Santa Cruz bem
diz,
Nós te saudamos assim,
Brasil!
Desenhando num Céu de
anil
O teu símbolo: Cruzeiro do
Sul.
Glória à nossa
Obra
Santuário do
Brasil
Símbolo de Paz e de
Justiça
Esplendendo num
Céu,
Num Céu de
anil…
Na rutilância das
estrelas
Num bailado o mais
grácil,
Sol Eterno de
Esperança,
Onde a vista mais
alcança…
Esplendendo num
Céu,
Num Céu de
anil…
NOTAS
1) Pedro Paulo Funari, em artigo publicado na Folha de São Paulo
de 28 de Abril de 1997.
2) Felipe Cocuzza, A Mística da Amazónia. Zohar Editora, São
Paulo, 1992.
3) Moysés Jakubovicz, O Brasil e a História do Futuro. Revista
“Aquarius”, ano 7, n.º 24, 1981, Rio de Janeiro.
4) Batalha Gouveia, A Origem dos Nomes – Brasil. Jornal do
Incrível, n.º 242 de 3 de Julho de 1984, Lisboa.
5) Alice Ann Bailey, Um Tratado sobre Magia Branca. Fundação
Educacional e Editorial Universalista, Porto Alegre,
1951.
6) Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, A Astronomia em Camões.
Lacerda Editores, Rio de Janeiro, 1998.
7) Luís de Albuquerque, As Navegações e a sua Projecção na Ciência e
na Cultura. Editorial Gradiva, Lisboa, 1987.
oito) Dante, Oeuvres complètes. Bibliothéque de La Pléiade,
Éditions Gallimard, Paris, 1965.
9) Moisés Espírito Santo, A Lenda Brasil. In Dicionário
Fenício-Português contendo os glossários das línguas e dialectos falados pelos
Fenícios e Cartagineses: Cananita, Acadiano, Assírio e Hebraico bíblico.
Edição do Instituto de Sociologia e Religiões da Universidade Nova de Lisboa,
1999, Lisboa.
10) Luciano Pereira da Silva, Astronomia dos Lusíadas. Imprensa
da Universidade de Coimbra, Lisboa, 1915.
11) Cláudio Ptolomeu, Las Hipótesis de los Planetas. Alianza
Editorial, Madrid, 1987.
12) Sousa Viterbo, Trabalhos Nauticos dos Portuguezes nos Seculos XVI
e XVII, 2 volumes. Lisboa, 1898.
13) Emmanuel Poulle, Les conditions de la navegation astronomique au
XV siècle. Coimbra, 1969.
Por Vitor Manuel